terça-feira, 6 de outubro de 2020


06 DE OUTUBRO DE 2020
NÍLSON SOUZA

Pais e filhos mais próximos

 A pandemia aproximou as famílias, para o bem e para o mal. É verdade que nesta quarentena prolongada há relatos de conflitos e agressões, até mesmo porque o homem que morde o cachorro é sempre mais notícia. Mas o confinamento forçado pelo medo do vírus também parece ter estreitado laços familiares, como demonstra uma pesquisa recente da Escola de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Harvard. Quase 70% dos pais consultados, num universo de 1.319 adultos norte-americanos, revelaram que se sentem mais conectados com seus filhos em decorrência do isolamento.

Os pesquisadores foram mais fundo na investigação. Questionaram de que maneira esses pais se sentiam mais conectados e ouviram que eles passaram a ter conversas significativas com os filhos, a conhecê-los melhor e a compartilhar mais com eles sobre suas próprias vidas. Estudo semelhante realizado pela Canadian Men?s Health Foundation (CMHF), do Canadá, confirma que a maioria dos pais sai da experiência do confinamento com a disposição de se envolver mais na vida dos filhos no futuro.

Sei que são apenas intenções e indicativos deste momento desafiador por que todos estamos passando, mas é sempre alentador constatar que relações familiares saem fortalecidas da privação. Eu, que ando garimpando boas notícias na pandemia como quem busca fragmentos de meteoro depois do choque, resolvi compartilhar essa curiosidade com meus leitores, acompanhada de uma pergunta esperançosa: Quem sabe isso não permanece?

Perguntas, perguntas, melhor não fazê-las... Mas, se não as fazemos, como sabê-lo.

Toda vez que vejo algum político se irritar com a pergunta de um jornalista, me lembro da Mafalda, que recentemente ficou órfã de seu genial criador, o argentino Quino. A imortal menina de seis anos sempre foi uma metralhadora de perguntas incômodas:

- Com que idade ficamos velhos? Por que tem gente pobre? Por que a humanidade funciona tão mal? De que lado chega o ano? Deus está em todos os lugares? Existe muleta para o ânimo?

Como disse Einstein ou algum anônimo inspirado, não são as respostas que movem o mundo: são as perguntas.

NÍLSON SOUZA

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